POESIA DA RUA
Gostava de ser poeta
Poeta a tempo inteiro
Mas daqueles sem caneta
Sem lápis e sem tinteiro
Vi na rua um varredor
Varrendo, limpando o chão
Vi também um condutor
Transitar em contramão
Zona nobre da cidade
Onde tudo é limpeza
Cuidado com a liberdade
Não estraguem a natureza. | SABEDORIA
O saber não é só feito
De ciência, mas da vida
Não saber não é defeito
É lição mal aprendida
Saber de tudo não é
O mesmo que tudo saber
Eu juro por minha fé
Que ando sempre a aprender
Quem pensa tudo saber
E nunca se enganar
Tem muito que aprender
E pouco que ensinar
Quem anda ao sabor do vento
Ou de cabeça no ar
Se a pensar, não perde tempo
Melhor seria parar | VIGARICE
Chamo pintor a quem pinta
E também ao aldrabão
Só um deles usa tinta
Ambos a imaginação
Eu gostava de pintar
Mas com tinta, pois então
É tão feio aldrabar
Mas há tanto aldrabão
O pintor que é artista
Usa pincel e paleta
O pintor que é vigarista
Usa só sua “palheta”
Tem cuidado “mariola”
Criminoso ou aldrabão
Podes parar na “gaiola”
Ou cair morto no chão
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