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Domingo, 24 de Novembro de 2024
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Francisco Duarte Augusto

Poemas de um Albicastrense - Francisco Duarte Augusto

EU ... ALBICASTRENSE ME CONFESSO
Pequenos pedaços de “poesia”



CAFÉDE, GOSTO TANTO DE TI
Nem que eu vivesse mil anos
Não me esquecia da terra
Onde não há desenganos
Nem há rumores de guerra


Se tais virtudes encerra
Quem mais poderia ser
É Caféde minha terra
Que bom é cá viver


E se eu voltasse a nascer
Escolhia novamente
E voltava a crescer
Nesta terra, nesta gente


É Caféde a terra minha
Castelo Branco e Beira
Uma casa pobrezinha
Com um poço e uma lareira


Caféde de encantos tais
Por dois ribeiros banhado
Oliveiras nos quintais
E hortas por todo o lado


Falo, está bem de ver
Da minha terra natal
É um regalo para viver
Paraíso sem igual
Para quem nasceu num torrão
Que tais virtudes encerra
Como diz qualquer beirão
Não é feliz noutra terra


Gosto de sentir e escutar
Dos passarinhos o canto
Ver o lume a crepitar
Coisas de que gosto tanto


De manhã ao acordar
E durante todo o dia
Ouvir as aves cantar
Uma linda melodia


E nos dias de romaria
O cheirinho dos pitéus
Nos rostos tanta alegria
Lembram os anjos dos céus


Bem longe muito vivi
E até com vida boa
Mas Caféde, eu gosto de ti
Adeus linda Lisboa


Gosto de ti tanto tanto
Que mais não posso gostar
Em tudo és um encanto
É feliz quem cá morar


POESIA DA RUA
Gostava de ser poeta
Poeta a tempo inteiro
Mas daqueles sem caneta
Sem lápis e sem tinteiro

Vi na rua um varredor
Varrendo, limpando o chão
Vi também um condutor
Transitar em contramão

Zona nobre da cidade
Onde tudo é limpeza
Cuidado com a liberdade
Não estraguem a natureza.
SABEDORIA
O saber não é só feito
De ciência, mas da vida
Não saber não é defeito
É lição mal aprendida

Saber de tudo não é
O mesmo que tudo saber
Eu juro por minha fé
Que ando sempre a aprender

Quem pensa tudo saber
E nunca se enganar
Tem muito que aprender
E pouco que ensinar

Quem anda ao sabor do vento
Ou de cabeça no ar
Se a pensar, não perde tempo
Melhor seria parar
VIGARICE
Chamo pintor a quem pinta
E também ao aldrabão
Só um deles usa tinta
Ambos a imaginação

Eu gostava de pintar
Mas com tinta, pois então
É tão feio aldrabar
Mas há tanto aldrabão

O pintor que é artista
Usa pincel e paleta
O pintor que é vigarista
Usa só sua “palheta”

Tem cuidado “mariola”
Criminoso ou aldrabão
Podes parar na “gaiola”
Ou cair morto no chão



VIDA DE POLÍCIA (Eu vi...)
Eu vi tantos carteiristas
Espertos, hábeis e lestos
Eu vi tantos vigaristas
Que diziam ser honestos

Eu vi tanto vagabundo
De olhar triste e profundo
Com cara de moribundo
Parecendo de outro mundo

Vi tantas casas roubadas
Fechaduras arrombadas
Aldrabas desengonçadas
Vedações arrebentadas

Vi tanta gente a roubar
Vi tanta gente a chorar
Vi tantos a precisar
Mas a não querer trabalhar

Tanta gente com piolhos
Lágrimas a pingar dos olhos
A remexer os entulhos
Passando além dos escolhos

Vi mortos despedaçados
Corpos ensanguentados
Maltrapilhos desnudados
Esperando ser enterrados

Mulheres a viver por conta
Chulos sem conta nem monta
Maricas de cabeça tonta
Vi no mundo tanta afronta

Tanta miséria escondida
Tanta vida mal vivida
Gente nova envelhecida
Tanta esperança perdida
O VINHO
Vinho tinto, vinho branco
Maduro, verde ou rosé
Bebendo não sei se manco
Nem se me aguento de pé

Dele não deve abusar
O que é demais não presta
Pode fazer escorregar
E vir a partir a testa

Põe alguns a gaguejar
O cortez deixa de o ser
Outros a cambalear
O trilho deixam de ver

O vinho tem tal valor
Desde as bodas de Caná
É o sangue do Senhor
É o sumo do Maná

Tem tal valor este néctar
Que o diga o Deus Baco
Põe o sizudo a falar
Faz forte o homem fraco